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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

VIOLÊNCIA: Ceará tem 3ª maior taxa de homicídios de crianças e adolescentes no Brasil

O Ceará também tem o maior total de homicídios por arma de fogo de crianças e adolescentes entre todos os estados do Nordeste.
O Ceará ocupa a terceira posição nos índices de homicídios de crianças e adolescentes no Brasil. Os dados da vulnerabilidade dessa faixa etária foram reunidos e divulgados nesta terça-feira (16) pela Fundação Abrinq, com base nas informações do Mapa da Violência 2015, e integram o Observatório da Criança e do Adolescente.

No escopo de homicídios, o Ceará ocupa a primeira posição, entre os estados do Nordeste, no índice de mortes por arma de fogo. Também chama atenção a proporção de homicídios por armas de fogo em Fortaleza, que ultrapassa a proporção dos estados nordestinos e é a segunda maior da região em comparação com as capitais.

No Ceará, 30,4% dos homicídios cometidos são contra crianças e adolescentes. O estado perde apenas para o Espírito Santo, cuja proporção é de 32,8% dos casos, e Alagoas, que abrange um total de 40,4% desse tipo de crime. A situação tem se agravado desde 2011, quando o Ceará deu o maior salto no índice de crimes contra o grupo etário, passando de 17,8% para 29,4% dos crimes.

“Os homicídios de crianças e adolescentes refletem a escalada de violência que acomete o Estado do Ceará nos últimos anos. O agravante é que tais casos possuem pouca repercussão social e, por causa disso, a investigação de tais crimes não é prioritária entre os órgãos de segurança. A grande maioria dos assassinatos permanece sem a identificação de autoria, contribuindo para a sensação de impunidade existente nesse tipo de crime”, pontua o sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Violência, da Universidade Federal do Ceará (LEV-UFC), Ricardo Moura.

Para Moura, o Poder Público precisa compreender tal grupo etário como pessoas portadoras de dignidade e potencial, pois essa percepção influencia na implementação de políticas públicas. “O que temos hoje é uma percepção dos jovens da periferia como um problema a ser resolvido. Há diversas experiências positivas nesse sentido que poderiam ser expandidas”, ressalta o pesquisador, destacando ações com a criação dos Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cucas) de Fortaleza.

Ele sugere que seja feita uma revisão, para baixo, na faixa etária de abrangência de ações do tipo, haja vista que as vítimas de homicídios têm cada vez menos idade. Os dados divulgados pela Fundação Abrinq não têm números específicos para os municípios.


Armas de fogo

Também no âmbito da violência por homicídio, o Ceará tem o maior índice no Nordeste de crimes por armas de fogo contra crianças e adolescentes. A proporção é de 26,4%, segundo dados preliminares de 2014. Em 2013, o índice foi de 23,7% dos crimes. Na capital, a proporção é ainda mais grave: 30,1% dos homicídios contra o grupo etário foram causados por armas de fogo. Entre as capitais do Nordeste, Fortaleza perde apenas para Macéio (AL), cuja proporção é 31,1%.

Ricardo Moura afirma que a falta de maior controle sobre a circulação das armas de fogo, por exemplo, é um agravante dessa situação. Ainda assim, não é possível estabelecer um diagnóstico do problema sem estudos aprofundados.

“A violência é a parte visível da ausência da escola, de equipamentos de cultura e lazer, da falta de proteção às famílias, do sistema de garantias de direitos não funcionar de forma adequada na localidade, ou seja, acaba aparecendo como a ponta visível desse conjunto de vulnerabilidades”, destacou a administradora-executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira, durante apresentação dos dados.

Com informações de Tribuna do Ceará
Por Jéssica Welma em Segurança Pública

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