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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Advogados na guilhotinha: Venda de liminares. Policia Federal envia dados a OAB do Ceará


Áudios e documentos que, segundo a Polícia Federal, podem comprovar a participação de advogados cearenses no suposto esquema de compra de liminares no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), foram enviados, ontem, ao Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE). A Justiça Federal havia autorizado, em dezembro, que até mesmo os dados sigilosos fossem repassados pela Polícia Federal ao órgão, que deverá investigar administrativamente os advogados suspeitos.
A OAB-CE havia arquivado as investigações alegando que não tinha elementos para prosseguir apurando a conduta dos profissionais da categoria, supostamente envolvidos nos fatos. Na determinação judicial de 10 dezembro de 2015, o juiz federal Danilo Fontenelle autoriza "o compartilhamento dos dados relativos à possível prática de ilícitos por advogados - inclusive sigilosos, com a transferência do sigilo das informações aos agentes que a elas tiverem acesso".
O delegado Janderlyer de Lima, titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Decor) explicou que as interceptações telefônicas entregues à OAB-CE foram colhidas nas investigações da 'Operação Cardume', deflagrada pela Polícia Federal (PF) em setembro de 2015. Segundo ele, três advogados foram identificados em tratativas com presidiários e em tentativas de comprar sentenças nos plantões do Poder Judiciário. "Identificamos três advogados durante a operação, mas as outras investigações já demonstram a participação de outros".
Conforme o delegado, os três profissionais que figuram entre os suspeitos, representam criminosos que foram presos durante a 'Operação Cardume'. "Os três defendem os traficantes internacionais presos por nós", declarou o titular da Decor.
Fase final
No dia 29 de setembro de 2015, 26 pessoas foram presas acusadas de participar de uma organização criminosa que movimentou milhões de reais. A quadrilha que trazia maconha do Paraguai e cocaína da Bolívia funcionava como uma empresa e era dividida em setores específicos que tratavam da distribuição, aquisição, refino da droga e lavagem do dinheiro adquirido com os narcóticos. Parte do material era comercializado no Ceará e Rio Grande do Norte; a outra enviada para países da Europa.
Conforme o delegado, o inquérito sobre a segunda e última fase da operação será encaminhado hoje à Justiça. Desta vez, o intuito da investida policial será sequestrar bens e identificar onde o dinheiro do tráfico foi aplicado. O Diário do Nordeste noticiou com exclusividade o esquema montado pela organização para lavar o dinheiro da droga, no comércio de Fortaleza. Milhões de reais provenientes do tráfico foram revertidos em dinheiro limpo, em transações feitas pelos criminosos nas empresas ligadas à facção, segundo a Polícia Federal.
Conforme a PF, um prédio e uma fazenda já estão na lista dos imóveis que deverão ser confiscados na segunda investida da 'Operação Cardume'. Além disto, a Polícia procura outros investimentos feitos pelos beneficiados com os lucros dos entorpecentes. "Vamos entregar o resultado das novas apurações à Justiça Federal e pedir que acate nossos pedidos. É possível que além de bens sequestrados, outras pessoas que estão envolvidas com a quadrilha sejam presas", disse Janderlyer de Lima.
Delação premiada
Um dos principais membros da organização foi beneficiado com uma delação premiada. Ele pleiteava as oitivas desde dezembro e acabou conseguindo ganhar vantagens, para falar sobre o funcionamento da facção criminosa. Uma das condições do criminoso para fazer suas revelações era não ser encaminhado para um Presídio Federal e esta foi atendida. Ele permanecerá no Sistema Penitenciário Cearense enquanto é ouvido pela Polícia.
Janderlyer de Lima explicou que as declarações do detento não terão resultados na segunda fase da 'Operação Cardume', que já tinha outros direcionamentos, mas as revelações deverão motivar ações específicas da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Segundo ele, as informações dadas pelo criminoso ainda não podem ser tidas como verdadeiras. "Os fatos da delação são novos e podem gerar outras operações, que serão conduzidas pela DRE, já que as pessoas citadas são envolvidas, em sua maioria, com o tráfico de drogas. Ainda é necessário que cada revelação seja aprofundada e comprovada por nós".
Helvecio Martins

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